Wednesday, April 30, 2008

TU

Penso em ti
Tudo é tão vago,
Parece que o passado se desvaneceu
Só resta a folha rasgada de um caderno
De quando alguém se enfureceu.

Como tudo aconteceu não sei
Às vezes gostava de voltar atrás
Gostava de voltar a gostar de ti
De te ver como via
De poder dizer que sabia.

Sabia… Sabia sim.
Eu sabia quem eras,
Sabia o que querias,
Sabia o que nem tu vias.

Agora é diferente…
Não te conheço,
Não sei quem és,
Não sei o que queres,
Não sei nem o que todos vêm.

Estou à nora…
Nesta hora…
Em que precisava de ti.

Friday, April 18, 2008

Relógio do tempo

O tempo é uma coisa engraçada. Quando mais depressa queremos que ele passe, mais devagar tal acontece, mas quando queremos disfrutar o momento, prolongá-lo, congelá-lo eternamente, o tempo foge a uma velocidade até então inimaginável e não volta mais. Não há nenhum relógio do tempo.
Quando penso no futuro, é-me inevitável recordar o passado. Ainda na semana passada eu queria ir à festa da presente semana, esta semana quero ir à festa da próxima... O tempo passa e eu mal dou por isso. Lembro-me de quando tinha três anos e entrei para o infantário. Aquele primeiro dia em que o meu Universo pessoal cresceu. Não conseguia pensar num futuro tão longínquo como os meus dezasseis anos, mas passei a imaginar todos os amigos que iria fazer, mesmo sem saber bem o que esperar daquele sitio novo e desconhecido. Estranhamente era feliz; penso nunca ter sido tão feliz. Para quê querer congelar os poucos momentos perfeitos quando tudo é tão inocente e real?
Mas agora? Agora não só me imagino num espaço de dez anos, como num espaço de vinte ou trinta, se necessário. O meu Universo expandiu-se de um modo imesurável nos últimos anos e fez-me tomar uma perspectiva diferente da vida. Isto aconteceu de tal modo que, de cada vez que começo um pensamento deste tipo é inevitável pensar na minha morte. É estranho, parece que ganhei um medo à não-existência, ao desconhecido, ao que vem depois de tal modo que não consigo travar o meu imaginário na sua viagem pelo tempo. No entanto o erro não é temer o futuro, é não viver o presente. O passado já lá vai, não há nada a fazer, só restam memórias. O presente, esse sim, pode ser vivido, e não deve ser passado a pensar no futuro -não de uma maneira compulsiva ou stressante. Logicamente que não podemos viver o hoje sem pensar minimamente no amanhã -afinal é o hoje que garante o amanhã; estamos a fazer a cama em que mais tarde nos deitaremos. Mas se vivemos o hoje sempre a pensar no amanhã, acabamos por nunca viver o hoje, assolados sempre pelo amanhã, amanhã, amanhã. E um dia não haverá mais amanhã, a vida findará e, se nesse momento pudessemos olhar para trás e contar os 'hojes' vividos, aqueles que tinhamos passado o 'ontem' a pensar sobre, perceberiamos que eram menos do que nos tinhamos apercebido.
A vida passa assim, num ápice. Ontem nascemos, hoje pensamos no amanhã, amanhã morremos.
Quando penso nisto apercebo-me que tenho de ir com calma. A festa da próxima semana? Calma lá, ainda tenho 7 dias inteirinhos para viver até lá. E se a visão desses dias não é tão emocionante como a visão da festa? Cabe-nos a nós mudar isso - não apenas a visão, que de pouco serve, mas o dia em si.
Por muito cliché que isto pareça, cada um faz o eu próprio destino e deve viver-se cada dia, cada momento como se fosse o último, porque eventualmente, um dia, será mesmo. Hoje, amanhã, talvez daqui a oitenta anos... O que importa? Hoje estou aqui, a escrever os meus pensamentos, e garanto que vou fazer os possíveis para não meditar muito mais àcerca deste assunto -não penses demais, vive!

O tempo não pára: o melhor relógio que se pode arranjar é aquele que não anda nem atrasado nem adiantado, mas sim a horas, e cujo ponteiro dos segundos leve o seu tempo, deslizando segundo a segundo, vagarosamente, até que a volta esteja completa e uma nova comece.

Carminho

Tuesday, April 15, 2008

16 e meio

16 anos. Tenho 16 anos e meio e o que fiz eu nesses 16 anos?

Nada... Sinto que nada fiz. Bem, logicamente que me levanto todos os dias de manhã e me deito à noite, e é lógico também que não passo o espaço de tempo entre esses dois momentos imóvel, mas tudo o que já fiz nos meus aproximados 6 mil dias de vida me parece em vão.

O que me move é o desejo egoísta de viver, e mesmo numa ânsia de ser altruista me mostro infortunamente egoísta. Eu posso querer ser altruísta por várias razões: o maior dos clichés -mudar o Mundo, e ajudar os outros. Por muito que me custe, receio que o meu desejo de mudar o mundo seja não mais que uma reflexão do desejo subjacente de me sentir útil e realizada. Haverá algo mais egoísta? No respeitante ao ajudar os outros... Vários motivos egoístas podem assolar o meu subconsciente, movendo-me num sentido de vida útil. Um deles pode ser, mais uma vez, o desejo de realização. Outro pode ser uma tentativa de compensar o peso na consciencia por, em vários sectores ter, aos olhos de muitos, mais que a maioria das pessoas. Tudo para me sentir melhor...
Pergunto-me se alguma vez, por detrás da melhor das intenções, será possível encontrar nada para além dessa própria intenção.

Espero um dia sentir-me mais concretizada que hoje, só o tempo dirá se antes de voltar à terra sentirei que valeu tudo a pena e que a minha existência não foi apenas um desperdício de atómos.

Carminho