Sunday, February 28, 2010

Imperfeita

Desculpa,
Desculpa a imperfeição do ser,
A capacidade que me falta, talvez,
Para que um dia pudesse, quem sabe,
Aceitar justamente o pódio
Que insistes em me oferecer.

Desculpa a personalidade errante,
A teimosia constante, e a fúria degradante,
Todas as feições em mim cravadas
Por esta curta vida que vivi.

E desculpa,
Desculpa também ser tão feliz assim,
Tudo menos perfeita,
Tudo menos ideal,
E, no entanto,
Onde sempre quis.

E tu desculpas, sim,
Como não poderia deixar de ser,
Como que inexplicavelmente
E para acréscimo da minha afeição;
Serias incapaz de o não fazer,
Porque esse lugar onde estou
É o teu coração.

Friday, February 26, 2010

Felicidade de ilusão

Esta ansiedade que sinto
Vem do fundo do meu ser
É a dor de tudo querer
E de tudo não poder ter.

Se por momentos me satisfaço,
Vejo o quardo completo,
Logo reparo naquele pequeno borrão
Tão subtil que só agora me chama a atenção.

Não está certo, não o quero ali
Há que desaparecer
Não o posso mais ver.

Ganho uma nova missão
Obstinada, entrego-me a ela
Dizem-me que é impossível
Mas não aceito um não.

Depois da guerra
Vem a paz assim,
O borrão desapareceu,
A demanda chegou ao fim.

Olho para a minha obra
E sinto-me feliz,
Consegui o que queria
E agora ninguém me desdiz.

E é então,
Nesta felicidade de ilusão,
Que instintivamente detecto
Outro pequeno borrão...

Thursday, February 4, 2010

Divergências

Falar
Sem certeza do que se diz
Esperar
Sem saber se algo virá
Pensar
Sem possibilidade de o não fazer
Gostar
Sem reconhecer o sentimento
Caminhar
Sem vida nem destino
Sofrer
Sem lógica ou razão
Escrever...
Sem realmente o fazer